Creio que exista uma grande divergência entre a gripe espanhola e a COVID-19; uma politização dessa. O brasileiro,creio, tem que parar de buscar um super-herói salvador da pátria; precisamos cuidar permanentemente do nosso país como um jardim. Vejo inúmeros intelectuais “abandonando” o Brasil, porque aqui não os deixam progredir.
Todo o planeta encontra-se com uma pulga atrás da orelha sobre medicamentos em estudos, protocolos, intervenções políticas, ganhos secundários e, principalmente, o que é real ou plantado. É horrível perdermos Aldir Blanc exatamente quando alguns poucos, para minha felicidade, propagam postagens e cantam com veemência em prol de regimes mais fechados.
O que mais me chama atenção é o discurso contagioso com o slogan “abertura do comércio e de novas covas”. É óbvio que temos que trabalhar para mantermos o essencial em nossas casas. Também me questiono sobre a nossa miserável população; aquela que historicamente é achincalhada e sobrevive por respiradores naturais desde os primórdios da história. O país precisa “entrar” nos trilhos e, felizmente\infelizmente, quem dever guiá-lo são nossas atitudes de educação em saúde, de disciplina, de amor, de perseverança, de repudio do ódio e de “dignidade” e compaixão com nosso povo menos favorecido.
Estou pasmo com a falta de empatia diante da morte de colegas da saúde, do nosso povão e de figuras tão especiais da cultura brasileira. A impressão que tenho é que grande parte da população nunca entrou numa Unidade Básica de Saúde.
Também passa por minha rede neuronal que a desinformação é um dos mais nevrálgicos pontos da pandemia. Sempre comento com meus filhos que quatro pontos são essenciais para uma vida plena. “Filhos, tudo que precisamos é uma refeição, estudos, amor e um cachorro”. Esse faz jus a falta de sensibilidade humana e a banalização da morte.
Não estou mais reconhecendo o meu povo. Infelizmente, cumpriu-se o prognóstico que o Brasil seria o país mais castigado pela pandemia; fato que se concretizou em menos de dois meses. Lembro-me do nosso país como um paciente com tuberculose ativa, que após 15 dias de esquema RIPE já se considera curado e suspende os remédios.
Fiscais e policiais são hostilizados por cidadãos apoucados; olha que são muitos da classe média “caviar”. Vamos tentar “alentecer” essa equação e nos tornar mais benevolentes e humanos no cerne da palavra.
Temos que nos reorganizar geopoliticamente. Que nosso Prefeito mantenha as medidas de isolamento social e principalmente os bloqueios. Não adianta Niterói tentar fazer o dever de casa e a população circunjacente não obedecer tais regras. Que Deus nos Abençoe.
Gostaria de dedicar essa crônica para quatro médicos que muito admiro: Marco Antônio Araújo Leite, Olímpio Peçanha e Luis Mauricio Ramos e Gilvan Muzy. Deixo meu beijo no coração do radiologista Vitor BON – você deixou um vazio em nossos corações, irmão.