Em um interessante artigo publicado em periódico de grande impacto, o autor principal McCue utiliza a frase: “A prática clínica tem sido cada vez mais direcionada com a incorporação da fala dos enfermos”. De fato o autor possui razão com uma possível conotação de medicina personalizada e humanizada. O tal “encontro” clínico entre médicos e pacientes costumava ser um monólogo, com pouca possiblidade de abertura e expressão de dúvidas e angústias. Comento com meus alunos que uma pequena parte de médicos no Brasil está disposta a envolver os pacientes mais ativamente nesse processo de tomada de decisões. É óbvio que eles não possuem conhecimento clínico e nem científico para definir por tratamentos com fármacos específicos, tipos de exames complementares, screnning para procedimentos de emergência, assim como procedimentos cirúrgicos e/ou invasivos. Em contrapartida, precisam saber que tudo isso faz parte do processo de retroalimentação.
Deveria existir um interlocutor entre em todo “sistema de saúde”, para informá-los ativamente e em tempo razoável, o que está acontecendo. Letras, frases, dados, mensurações e protocolos não são compreendidos. Façamos um trocadilho: “Algum médico sabe o que se passa quando aparece uma escritura de compra e venda de imóveis com itens, artigos, adendos, parágrafos quando escrito em libanês, por exemplo?”.
Certa vez pedi ajuda a
um amigo, pois simplesmente não entendia o contexto de uma escritura. “Fulano, o quem significa esse tal item 3.1/?” Se essas observações forem transportadas para a terapêutica de determinadas doenças, “atrair” pacientes e familiares para decisões e desfechos poderá motivá-los no desenvolvimento de perspectivas realistas. Devemos ser incansavelmente dedicados a restaurar a saúde ou mesmo atenuar um desfecho inexorável para cada ser humano “ser” ou “tornar a ser” o seu melhor.
Existem momentos em que ouvir é o melhor remédio.