Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

O amor verdadeiro é sincero e generoso; esse que perpassa qualquer julgamento do lobo frontal e defronta-se diretamente com a “circuitaria” do sistema límbico. Nossos olhos nos fornecem atalhos de como estamos apaixonados devido pistas oriundas das pupilas. Vocês sabiam que as pupilas se dilatam quando realmente estamos amando? Alguns estudos de neurociências do comportamento têm demonstrado que, após um momento de tato ou carinho, como um beijo ou cafuné, por exemplo, nossas pupilas se dilatam imediatamente e os olhos ficam quase que totalmente enegrecidos, do tamanho da íris.

Esse é também o amor que sentimos pelos nossos filhos? Obviamente não – esse tal amor de pai para filho é sobrenatural e nunca será desvendado por cientistas. Ele abriga em todas as células do corpo, perpassa os sinalizadores neurais e vai de encontro a Deus. Todos os dias ao acordar cheiro o pé dos meus filhos para ver se ainda possuem aquela flagrância de bebês. Adoro cheirar o cangote deles, de dizer que amo os e, principalmente, de abraçá-los com meu olhar.

Voltando ao amor e aos relacionamentos observo que o ser humano troca de parceiros como de sapatos. As pessoas, em alguns casos, não valorizam o corpo espiritual e banalizam as emoções alheias. Nossos corações não podem ser devastados por gafanhotos emocionais que o “desnervam” e, em poucos dias, procuram a fragilidade em outro lugar. Ontem conversando com uma amiga comentei que aprendi a amar de forma verdadeira, a partir do momento que adquiri capacidade de me colocar na posição dos outros.

Já amo há tempos de forma verdadeira e, indubitavelmente, conheci poucas pessoas que fizeram-me palpitar. Que impressão essa crônica deixou para vocês vinda de um médico? Tentei exprimi-la e condensá-la nessas palavras. Essa palavrinha chamada “amor” estará anos luz à frente das letras que esse computador pode alcançar. Quem recebe essa crônica sabe que é sincero, leve, gratificante e renovador amar e ser amado. Toda a forma de amor vale à pena.

Chantagearmos um coração alheio é o mesmo que assumirmos uma culpa por o repreendermos de vivências novas de pulsar. Quem ama permite… libera um coração encarcerado… retira lhe as amarras e diz: “boa sorte, que você seja feliz”. Caso esse órgão não seja liberado ele preguiçosamente se espreguiça e acorda. Ao reprimir um sentimento, nunca se esquece da pessoa por completo, fica um amor não mais palpável, uma saudade que pode ser eterna, um ciúme sem retorno, uma mistura de carinho e dor- com muito mais dor. Por isso digo para todos que ninguém mexe no meu coração.

Há cerca de 20 dias perguntaram-me como gostaria de ser apresentado em um congresso. Respondi que tanto faz. Por que tanto faz? Pois não tenho nada que outras pessoas não têm, exceto uma vontade imensa de aprender e doar o que tenho. Ultimamente decolou um amor sereno, mas na metade da viagem começou a subir e descer meio desgovernado. Ainda não sei se naufragou… para disfarçá-lo, abri uma biografia de Magdalena Carmen Frida Kahlo – um presente do professor Carlos Henrique Melo Reis. Tentei pensar no João e Bento; também no tempo em que fiquei ao lado do maior neurologista brasileiro, o professor Marcos RG de Freitas. Esses dois médicos, junto ao Marco Antônio Araújo Leite e Acary Souza Bulle, são meus grandes gurus. Fiquei tranquilo, pois uma amiga que é cartomante disse que não morrerei de amor. Não acredito em cartomantes… por falar em amor, somente quem teme a própria animalidade não se apaixona por cachorros – eis o “Sonic” em meus pés.

Ligaram-me e me pediram uma crônica para sábado. Não sei atualmente sobre existência de um amor igual ao meu, mais fato é que faz-me falta ter uma vida plena e leal com alguém especial. Acredito muito em Deus – um grande gestor de meu romantismo e companheiro fiel nessa estrada.

Envio aos casais que abrigam o verdadeiro amor meus afetuosos cumprimentos. Endereço essa carta aos poucos que amo de coração, para os que amarei e, certamente, para os que me amam. Aos que porventura não gostem de mim, peço desculpas por algum motivo que não sei.  Sinceramente não sei… filhos, meu amor por vocês não é comparado à nada nessa vida, tampouco ao meu amor próprio. Papai ainda dará 1 ou 2 irmãos para vocês.

Como é bom um ambiente com crianças e escasso de mentiras e julgamentos. Aos homens que usam mulheres e as mulheres que usam homens eis uma chance de repensar o significado da vida. Em tempo: Enquanto eu souber o que represento para meus princípios morais e éticos, o julgamento dos outros não me interessa. Só busca um verdadeiro amor quem sai da zona de conforto e mergulha na imensidão de um ponto de interrogação. Isso é difícil, mas a intuição pode ajudar. E caso algo saia errado? Tente de novo…Eu te espero meu amor…