Flavia Abranches é jornalista. Instagram: @flavi_abranches

Dia 2 de fevereiro. Essa data sempre foi e sempre será especial em minha vida… Fui criada com o cheiro de maresia da Praia de Icaraí. Cresci em Niterói, com a praia a alguns passos da minha casa e até hoje essa é a minha realidade. Para completar, tenho uma mãe que sempre foi frequentadora assídua de praia, me levando desde pequena para a areia fofa, de biquíni e com o tempo, até aprendi a catar tatuí. Descobri logo como se faz castelinho na areia, tomei vários caldos furando onda e pegando jacaré e amava brincar de encontrar conchinhas coloridas, enquanto me deliciava com biscoito polvilho e limonada.

E aquele sol de praia que aquece dourado? Melhor ainda quando se tem o Pão de Açúcar e do Cristo protetor como testemunhas. Também já engoli muita água salgada quando me afogava de tanto nadar. Depois ficava com o biquíni cheio de areia! Pisei em espinha de peixe e, por vezes, senti a areia pinicar na pele. Ui. Quanta saudade. Hoje, ainda sou apaixonada pela Praia de Icaraí e sua brisa que acalma. Mas as descobertas da infância suja de areia ficaram guardadas na gaveta das memórias (aquelas mais gostosas!).

Nascida em 4 de fevereiro, tenho extrema afeição por Iemanjá, que no Brasil é um dos orixás mais populares e reverenciados do Candomblé. Não tenho religião. Mas tenho fé. E, sobretudo, tenho admiração por arquétipos que refletem os aspectos humanos mais sutis. Nossos sonhos. Nossos defeitos. Nossos ideais. E Iemanjá, que é lembrada e reconhecida em nosso país dois dias antes do meu aniversário, sempre me deixa com a fé mais apurada por saber que carrego um pedacinho dessa energia feminina, de luz, que exala força de mãe e busca o amor na sua mais nobre essência. Que eu possa contemplar sempre essa imagem do mar da minha cidade em minha história.