Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

Acredito que devam existir três tipos de alergias: anafiláticas, celulares e espirituais. Peço desculpas aos colegas médicos, pois trata-se de uma crônica. Mas, sinceramente, ainda tenho dúvidas sobre a veracidade que existe nos livros com a nossa realidade. Ocorre uma falta de inter-relação entre sensação e percepção. É fato que muitas vezes não nos sentimos confortáveis em determinados eventos, na presença de algumas pessoas e, consequentemente, ao participarmos de reuniões “pesadas”. A gente sente, de alguma maneira, quando somos torturados pelo olhar.

Dizem que minha mãe respirava o meu ar. Acho que é verdade, pois sempre mostrava um zelo exacerbado com minhas ações. Amor e lealdade são os dois ingredientes necessários para as coisas funcionarem. Quando isso não ocorre, emergem “quadros alergênicos”. Confesso que não costumo possuir “urticária” às pessoas; mas ao aparecerem não existe remédio capaz de fazer meu sistema imunológico mudar de ideia. É notória a sinalização celular em busca de proteção.

Esse ano só eu sei o que ouvi e vi – eu e Deus. Felizmente mirabolo estratégias dentro de mim para criar idéias que, eventualmente, possam ter algum potencial. Não sei jogar, não me comporto como um modelo… não me permito ser hostilizado por meus pensamentos. Não aceito a ideia de dormir sem ter feito o máximo durante o dia, mas também não sou tolo. Às vezes é bacana rir e se fazer de idiota – causa menos alergia.

O estresse também nos causa aftas; pequenas bolotinhas bolhosas que ladeiam as nossas bochechas. Muito doloridas quando se ingerem alimentos quentes ou gelados, entretanto, cruéis, quando somos corroídos pela alergia do estresse. Algumas vezes percebo que terei alergia às pessoas só com a gesticulação de suas mãos. Os gestos são a alma das mãos. E não dependem de beleza ou destreza. São retratos de nosso DNA. Seus movimentos podem nos enganar algumas vezes… quem nunca foi enganado. Mãos também enganam, principalmente quando parecem feitas artificialmente. Quando sinto que terei comichões pelo simples fato de estar frente a frente com algo que me maltrata, seja lá o que for, faço massagem nos dedos, descendo pelas palmas, até os leitos ungueais.

Na verdade, o grande antídoto contra coceiras é afastar-se dos causadores. Emaranhar-se com amigos, filhos e com a minha namorada também funcionam como anti-histamínicos. Como tenho orelhas grandes creio ser de personalidade forte, expansiva e até meio atravancada. O ruim de ter orelhas, tipo à de roedores, é a quantidade de besteira que escutamos. Mas acho que vocês não devem se preocupar com o tamanho delas. O importante é só permitirmos uma conexão ouvido externo x cérebro com o que realmente vale à pena.

Queria dedicar essa crônica aos meus amigos Eduardo Paranhos e Nicolle Nunes, e também para a minha paciente Fátima Pinheiro. Agradeço de coração aos céus por colocarem vocês em minha vida. João e Bento esse final de semana viajaram – graças a Deus tenho a Moana para me fazer sorrir de verdade.