Marco Orsini MD PhD – Médico e Professor do Programa de Mestrado em Ciências Aplicadas à Saúde – Universidade de Vassouras

Creio que durante nossa passagem na Terra uma das principais virtudes do homem e, obviamente, uma certa “obrigação” é a capacidade de olhar para o outro. Faço uma reticência em minhas palavras – olhar significa fazer, ofertar, cuidar, zelar e amar.

Enquanto estava sendo submetido a um procedimento realizado com o Dr. Raul Muniz, radiologista que me encanta pelo apreço e carinho, conversamos um pouco sobre o tema. Amor ao próximo perpassa fronteiras ideológicas, religiosas, de cor, de gênero e de cunho sócio-econômico. O sorriso e o trato fazem toda a diferença para a humanidade.

Atento que esse tal amor deve dotado de extrema “pureza” como, por exemplo, aquele tal de pai para filho. Não nos falta oportunidade para fazer o bem. Como dizia Martha Medeiros: “Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que, aliás, é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação”.

Peço que jamais posterguemos ações que possamos realizar agora, pois esse tal de futuro não existe. Atualmente observo reações que me causam estranheza, sendo a principal delas o silencio. Também cito a falta de dedicação com as crianças e os idosos. Essa afirmação que a quarentena está deixando tais grupos isolados e deprimidos possui uma dualidade. Friso que muitos pais não sabem lidar com os filhos tampouco educá-los, pois durante muito tempo foram inertes e passaram a achar que a obrigação única e exclusiva era oriunda das escolas. A infância de nossos filhos, em parte, fora perdida por nossas atitudes. Desses idosos que não recebem visitas de parentes próximos, muitos, na verdade, foram sempre negligenciados. Agora somente “culpabilizar” a quarentena é demais, não?

Tenho “provas” internas que “inocentam” o isolamento social e reforçam que essa, infelizmente é a natureza de alguns seres-humanos. Portanto, por que não nos perguntemos por que ajudar ao próximo, mas como possamos fazer? Doando tempo, conhecimentos, um pouquinho de dinheiro, bens, ofertando trabalho, um pouco de alimentos ou mesmo somente amor e atenção.

Queria dedicar essa crônica para meus dois filhos João e Bento Orsini e uma grande bisavó, Maria Amélia Gomes Orsini. Um  afetuoso abraço na Dra. Claúdia Mendonça, responsável por cuidar da nossa saúde mental.