A pandemia por COVID-19 tem sido motivo de muitas discussões sobre as estratégias voltadas para nossa proteção. Obviamente, o uso de máscaras, embora não tenha se mostrado tão eficiente no alastramento do vírus, segundo alguns “formadores” de opinião é a nossa única arma. O simples fato de colocarmos tal apetrecho, nos impede de atitudes primitivas de carrear os dedos na boca, nos fornece proteção contra agentes externos e bloqueia a limpeza das narinas. Qual leitor nunca retirou sujeiras do nariz com os dedos?

Assusta-me o comportamento da classe média. Uma displicência dotada de arrogância. Há cerca de uns dias esbarrei com uma dessas pessoas, que parecem carecer de proteínas fundamentais ao bom funcionamento das funções corticais superiores. Com tom de deboche e rodeado por cervejas sou questionado. “E aí doutor, acabou esse tal de COVID aqui em Niterói não é? Muita frescura desse pessoal não acha?”. Adianta discutir com um jegue formado?

O povo menos favorecido, dentro de suas limitações castradas pela falta de educação em saúde, tenta de alguma forma usá-las. Tenho uma teoria para isso. Creio que o medo de serem sucumbidos pela forma grave da doença e infelizmente, não terem o mesmo destino da classe média os assusta. Certamente morreriam nas ruas ou em portas de hospitais.

Enquanto isso os bares perduram cheios, a imbecilidade corre solta e a indiferença com o ser humano aumenta em passos largos. Um grupo tão perto de ser pobre e tão longe de ser rico. Um grupo que ao invés de ajudar-nos na luta contra a COVID-19 parece o fiel da balança para o avassalador número de casos.

Esses parecem brigar entre si por uma espécie de ego, alguma coisa que não faz sentido, mas que no final das contas polariza e desfigura a imagem do nosso País. Tentam se sobressair e caçoar dos estudos randomizados, das normas, dos médicos, de tudo…

Os ricos evadem do País, os pobres e miseráveis ficam numa espécie de umbral. Indivíduos que raciocinam e estão contidos na tal “classe média” parecem cansados e exauridos de tamanha estupidez. Assim caminha o Brasil. Bem do jeitinho maroto do seu povo.

Não farei dedicação à ninguém nessa crônica como uma maneira de sentir-me indignado com as nossas atitudes frente a esse massacre de pseudointelectuais.