Apraxia de Fala na Infância tem tratamento e a intervenção precoce é fundamental para o desenvolvimento da criança

Imagina a angústia de querer dizer uma palavra ou frase, ter a mensagem na cabeça, mas não conseguir falar? É isso que acontece com uma criança diagnosticada com Apraxia de Fala na Infância. Meninos e meninas com aptidões e talentos diversos não conseguem se expressar através das palavras devido a uma condição neurológica que afeta sua habilidade em produzir e sequencializar os sons da fala. Essa condição, pouco debatida no Brasil, e com uma defasagem de profissionais da área da saúde aptos ao tratamento, afeta duas a cada mil crianças, segundo estudos de prevalência realizados nos Estados Unidos.

De acordo com a Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância – a ABRAPRAXIA, existem alguns sinais para os pais ficarem atentos.

“No caso dos bebês, é fundamental observar como eles balbuciam, se é pouco, ou se são quietinhos e silenciosos”, explicou Fabiana Collavini, presidente da ABRAPRAXIA e mãe de Ana Beatriz, de 11anos, que tem o diagnóstico de Apraxia.

A percepção dos pais é muito importante e fundamental durante todo o processo de descoberta, mas o diagnóstico deve ser realizado por um fonoaudiólogo com formação e experiência em transtornos de fala e de linguagem, incluindo os transtornos motores de fala. Elisabete Giusti, fonoaudióloga especializada na área, explica que a suspeita ou o diagnóstico precoce é muito importante para o que o tratamento seja adequadamente direcionado.

“A apraxia pode ser causada por intercorrências neurológicas ou por condições genéticas ou ainda pode ser idiopática, ou seja, ter uma causa desconhecida”, alertou.

Após o diagnóstico, deve-se iniciar o tratamento fonoaudiológico, sendo individual e específico para cada paciente.

“Crianças com AFI podem não responder às terapias tradicionais ou às terapias de estimulação de linguagem. Métodos como o DTTC, o PROMPT, o ReST e estratégias de aprendizagem motora são recomendados e a definição sobre qual a melhor abordagem dependerá de cada caso. A indicação de comunicação suplementar e alternativa também deverá ser considerada”, ponderou Elisabete.

Estar em um ambiente acolhedor, com apoio dos pais e familiares é fundamental para que a criança seja apoiada na intervenção.

“Determinar regras em casa e criar uma rotina pode ajudar a criança a se organizar melhor”, disse Collavini.

Já Elisabete Giusti alertou para a importância dos pais de validarem todas as tentativas de comunicação da criança.

“Fazer muitas perguntas, ou pressioná-la para falar ou ficar insistindo para ela repetir corretamente são atitudes que poderão aumentar ainda mais a sua ansiedade e causar muita frustração”, ressaltou.