Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

É notória nossa dificuldade em lidar com as aulas de nossos filhos; principalmente os pequenos. Uma criança possui pouca capacidade de concentração num ambiente que não seja composto por amigos, professoras, brincadeiras e tarefas em grupo. Nossos filhos sofrem amadurecimento cognitivo|comportamental através das vivências e de estímulos vários. Realmente gerenciar algo que não estamos preparados é muito difícil – a educação.

Buscamos decifrar o que realmente é Informação a Distância. Eu, particularmente, busco que essa nova modalidade de ensino seja a mais prazerosa possível para João e Bento. Em adição, não me preocupo nem um pouco com o que será do ano letivo. A meta desse ano é outra; é encerrar o ano com fé, gratidão e reflexões acerca dos erros cometidos.

Estudei parte da minha vida no colégio Miraflores – um dos alicerces para me tornar médico. Após conversar com Gabriela de Los Rios, comentei a importância dessa escola na infância dos meus filhos. Sentamos no campo de areia, distantes e com máscaras, mas conectados pela energia que nos tornou tão próximos. Conversamos e contextualizamos o atual modelo de educação. Sempre gostei do estilo descentrado, multicultural e afetivo de educação. Pergunto-me como os pobres estão encarando essa tal de Informação a Distância? Obviamente não estão, pois não existe espaço para esse grupo marginalizado e depauperado devido sucessivas manobras que estragariam essa crônica. Percebemos nos olhos dessas pessoas a dor do abandono.

Retornando as escolas, creio que esses mecanismos de clivagens, de competição e de “performances” são ridiculamente nefastos e imbecis. Essa catarse é um momento para pararmos de achar que somente nossos filhos estão sendo prejudicados e “olharmos” para os que não sabem nem o que significa banda larga.

Cuidado a todos, pois corremos risco de uma segregação social. Não existem certezas e verdades nessa modalidade de ensino que é nova para todos nós e, sinceramente, está longe de atender às demandas da cultura de nosso povo. O que fazemos com isso? Absolutamente nada, pois estamos diante de um mal muito pior.

Oportunidades pedagógicas parecem que não irão faltar, mas esse foi um ano letivo perdido. E daí? Alguns poderão redesenhá-los em 2021. Podemos dizer o mesmo para outras crianças do ensino público?

Dedico essa crônica aos alunos e mães de escolas públicas que sofrem muito mais do que nós. Espero que essa classe fique sob vigilância social. João e Bento, papai é apaixonado pelo cheiro do pezinho de vocês. Minhas grandes razões para lutar. Um beijo enorme para Gabriela de Los Rios e meus grandes amigos Carlos Henrique Melo Reis, Marco Antônio Araújo Leite e Acary Bulle Oliveira – amigos como esses são difíceis de encontrar pela estrada da vida.