Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

Os tempos coloniais e escravocratas parecem mais aflorados pela plutocracia apoiada principalmente pela classe média.  Essa que vos falo é a nossa; a mesma que prefere se aproximar dos detentores de poder do que aos oprimidos. Afinal de contas para alguns existe o conceito de ”visibilidade” ao frequentar e tentar ostentar o que 1% da população detentora de poder financeiro, político e social é capaz. Nós fazemos o jogo dos donos do dinheiro; julgamos, deflagramos piadas racistas e “olhamos” para os negros de uma maneira diferente.

Quando descrevo o termo olhar, creio ser a pior forma de agressividade moral. Temos um DNA mitocondrial (aquele que respira) da África, portanto, somos todos filhos desse Continente. Nós marginalizamos e emudecemos quando deveríamos apoiar com unhas e dentes nossos irmãos.

Enquanto não resolvermos essa situação o mundo não terá paz, seja pelo socialismo ou mesmo pelo capitalismo; embora não esconda meus laços com o primeiro. É notório que o capitalismo faz-se necessário, mas que esse permita um mínimo de dignidade do outro. A leitura desse processo não é difícil, basta ter vontade de mudar.

Certo dia João, meu filho mais velho, perguntou-me: “pai, por que a cor da pele da Jéssica é preta?”. Respondi que a pele negra era riquíssima de história, de força, de luta e de uma substância que eles possuíam em abundância – a melanina. “João, a pele negra é a mais forte de todas” Obviamente meu pequeno não falou por mal, ainda mais pelo exemplo que carreia de casa. Expliquei para ele que a noite é negra, assim como a jabuticaba, o “Cat Noir” (personagem de um episódio infantil) e a Jéssica.

Particularmente acho todo racista um sujeito que padece de alguma anormalidade embutida na sua essência. O Brasil não é um país dócil – é cruel e dotado de falsos moralistas e sociopatas travestidos de bons sujeitos. Reprovo também que os negros mereçam cotas nos vestibulares; faz-se necessário um ensino igualitário e formação social basal. Por que cotas? Eles não são inferiores intelectualmente; seria muito narcisismo de nossa parte achar que somos metazoários distintos. Essa tal história que é contada para nossos filhos nas escolas não é a “verdadeira” e “sanguinária” trajetória de nosso povo. Essa estória em quadrinhos não é a história do Brasil.

Gostaria de fazer uma pequena colocação sobre a possibilidade do Brasil se afastar da OMS. A OMS foi praticamente “gerada” pelo nosso país. Sobremaneira não irei me aprofundar desse nefasto tema, pois não é justo com meu precioso tempo.

Dedico essa crônica à Jessica e aos meus grandes irmãos Júlio Guilherme Silva e Mauricio Santanna Júnior.