Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

As vezes costumo sair voando em direções estranhas, aparentemente por vontade própria. Olho as estrelas no céu e incluo-as em minhas danças mentais. Já cheguei a acreditar que todas as pessoas do mundo fossem adoráveis por dentro; faltando somente um sutil ajuste em suas atitudes.

Atualmente vejo um mundo estranho; meio borrado, indecente, maníaco e, sobremaneira, irreconhecível. Tenho insights sobre os pensamentos hostis e desvairados que forfalham nas cabeças de Donald Trump e Jair Bolsonaro. O primeiro, um idoso com cerca de 75 anos de idade, bilionário, mas requintado em planejar e incitar covardias e crueldades contra pessoas contrárias ao seu discurso narcísico e nefasto.

Aqui no Brasil não é diferente. Quem dera nosso presidente e seus filhos fossem adultos. Prometem para os “ignorantes” uma decoração da “sala de estar” do nosso país. Infelizmente não tenho mais estômago e encéfalo para suportar o timbre e a tonalidade de sua voz.

Acho que grande parte dos brasileiros estão passando por uma espécie de tempestade ensurdecedora de desinformação; fico pasmo e assustado com um futuro desprovido de segurança e bem-estar.

Comparo-os a instrumentos primitivos em estado de catatonia. Às vezes se mexem movidos pelo ódio; uma espécie de terror mudo e sem trégua. No fundo parecem gostar.

Enfim, o palco que bate palmas para essas atitudes não é pequeno; isso me assusta. Penso nos meus filhos e nas consequências que estão por explodir mais cedo ou mais tarde. Penso muitas vezes que essa crônica não é fiel a realidade – uma espécie de devaneio das minhas funções corticais superiores.

A certa altura, porém, começamos a sentir que nossos dons e talentos vão ficando para trás, como penas de um galináceo durante seu processo de muda. Esses dois meninos são realmente difíceis de decifrar.

Dedico essa crônica a uma amiga; amiga mesmo – aquela que Deus nos empresta e que hoje encontra-se presente junto com João e Bento Orsini. Para Marcelle Cunha segue um grande abraço paternal e a certeza que nossos pensamentos ainda possam propagar, mesmo que de forma diminuta.