Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

Veio-me um sentimento muito estranho. O pai de vocês refletiu que por detrás de cada olhar existe uma estória que ninguém conhece. No dia das crianças padeci de uma enxurrada de sensações que pareciam rasgar meu peito – não pude vê-los.

Lembrei da minha infância, dos tempos em que caçávamos formigas saúvas no antigo tronco de árvore, das inúmeras partidas de futebol num pequeno clube no bairro de Charitas (Caridade) e eventos vários que eventualmente surgem como insights. Tentei de todas as formas vê-los no dia das crianças, mas não consegui. Foram poucos segundos ao celular que permitiram dizer o quanto os admiro e persevero em amar. Fiquei confortado – dormi feliz.

Gostaria de deixar bem claro nessa cartinha que papai estará sempre ao lado de vocês – de todas as formas e com todos os sentidos aguçados. Pergunto-me como deveria agir para ser um pai mais educador, menos criança, com mais regras – não consegui vislumbrar uma saída. Meu amor é puro, qualificado e real. Esse que vos falo é algo incondicional, incomodativo. Gosto do calor de vocês, do cheiro da pele, da cobertura espiritual. Olho para as fotos antigas – aquelas que os pés de vocês não tocavam no acelerador do bate-bate do Campo de São Bento.

Creio que no dia das crianças todos os pais e mães deveriam deixar as armas de lado e, indubitavelmente, repensar como os filhos nasceram – relações que envolveram amor. Refiro-me aos casais que, em consenso, resolveram gerar uma nova vida. Casamentos acabam, mas os filhos são como caules – eles absorvem tudo. Infelizmente não possuem raízes para depurar algumas vivências que passam, porquanto, vamos protegê-los?

Acho que minha grande prova de meu amor por vocês não se encontra nesse texto, mas na interface cérebro-coração. Estarei sempre aqui, pertinho, disposto, grato, apaixonado e controlando suas pequenas passadas – João e Bento. Tal escrita foi por minha pessoa rasurada em 27\11\2016, entretanto, até hoje encontra-se atualizada.

Dedico essa crônica à minha ex-esposa, Maria Elisa, a pessoa que atrelada aos meus sentimentos, me ofertou os maiores presentes da minha vida.