A psicanalista Andrea Ladislau

A depressão é uma doença que gera sintomas psíquicos e físicos que alteram o humor e a rotina, como tristeza, pensamentos negativos, desinteresse pela vida, dificuldade de concentração, alteração do apetite, alteração do sono, perda ou ganho de peso, sentimento de culpa, fracasso, entre outros.

Apesar de ser uma doença que afeta homens e mulheres em grandes proporções. Sendo que as mulheres as principais vítimas. Estudos apontam que 20% das mulheres apresentam episódios depressivos pelo menos uma vez ao longo da vida. Entre os homens, o índice é de 12%. Acredita-se que algumas situações podem justificar essa incidência, como: A dupla jornada encarada por muitas mulheres, que precisam conciliar os afazeres domésticos com a atividade profissional, elas também estão mais vulneráveis a um fator importante para desencadear a depressão: a violência sexual, uma vez que são vítimas de casos de estupro e abuso mais recorrentemente. E biologicamente, podemos entender essa predominância pelas diversas variações hormonais que as mulheres sofrem ao longo da vida. O ciclo menstrual, a gravidez e a menopausa, episódios de importantes alterações hormonais, seriam os principais responsáveis. A influência dos hormônios fica mais evidente quando analisamos as faixas etárias em que a doença costuma se manifestar: até os 10 anos e depois dos 60, quando a produção de hormônios de homens e mulheres é mais semelhante, a incidência da depressão é a mesma entre os sexos. É entre os 10 e os 60 anos que elas passam a sofrer duas vezes mais que eles com a depressão.

No caso das crianças, também temos relatos e que, crescem cada vez mais, de crianças em depressão. Ela está presente em 1% a 2% das crianças em idade pré-escolar e entre 3% a 8% dos adolescentes. Até o final da adolescência, uma em cada cinco crianças terão apresentado um episódio depressivo mais ou menos grave. Estudos epidemiológicos sugerem que a depressão seja mais comum em países mais pobres.

Como nos adultos, existem, aparentemente, múltiplos fatores que predispõem à depressão: genéticos, cognitivos (“modos” de pensar da pessoa e da família em que ela nasce); maus tratos domésticos; ser vítima de bullying, um tipo de violência psicológica ou física que a criança sofre recorrentemente; pertencer a minorias sexuais; luto por perda de entes queridos. Por outro lado, diminuem à predisposição à depressão uma relação afetiva calorosa com os pais, um nível de inteligência elevado, hábitos de lidar com os problemas focando em sua solução e a capacidade de regular as emoções de forma adaptativa. Um dado interessante é que as crianças que cometem o bullying também têm taxas maiores de depressão.

Presente no mundo inteiro, ela é considerada a “doença do século”. No Brasil, mais de 11 milhões de pessoas são afetadas, mas, infelizmente, esse número não é levado tão a sério. Costumam confundi-la com uma tristeza passageira, e isso só faz com que o problema se agrave.

As causas são diversas. Entre elas, podem estar: experiências do passado, pressões da vida contemporânea, fatores fisiológicos, como alterações hormonais e genéticas, e outras. É preciso que toda a sociedade se conscientize para que os casos de depressão sejam tratados de forma séria e humana e, assim, melhorarmos a qualidade de vida das pessoas. O acompanhamento é essencial, além de uma boa alimentação e atividades físicas.

Ter depressão não é estar tristinho, é estar doente. Quem está depressivo e não consegue sair da cama não é preguiçoso, dorminhoco, nem está fazendo corpo mole, está recluso porque não tem condições de dar conta das atividades do dia a dia. Pânico, ansiedade e depressão não são frescuras nem chiliques – são quadros clínicos graves que precisam ser tratados. Leve em conta que a depressão é uma doença grave que precisa de tratamento e atenção profissional. Seu papel, se quiser ajudar alguém com depressão, não é curá-lo, mas apoiá-lo para que consiga superar seu estado.

É mais importante escutar do que dar conselhos. Assim, o simples fato de falar com alguém já pode ser uma grande ajuda. Incentivar a pessoa a falar de seus sentimentos e estar disposto a escutá-la sem julgar provavelmente será muito bom para ela. Escutando, dizemos à pessoa que estamos abertos e dispostos, que é a sua versão da história que nos importa.

As pessoas deprimidas tendem a se isolar dos demais e, até mesmo, a desconfiar; por isso você terá que renovar continuamente as demonstrações de disposição se quiser que ela fale com você. Para iniciar uma conversa, você pode começar dizendo a ela que está preocupado ou que percebeu que ela mudou, e que gostaria de saber como ela está. Mas, lembre-se de que esta é uma forma de iniciar uma conversa que deve ser feita com bastante tato, pois não queremos que a pessoa deprimida se sinta culpada por nos preocuparmos.

Quando ela quiser falar (algo a que temos que estar dispostos, mas não forçar), você pode perguntar-lhe pelo momento em que começou a se sentir assim, o que aconteceu para que ela começasse a se sentir daquela maneira e como você pode ajudá-la. E, principalmente, anime-a a buscar a ajuda de um profissional, se ainda não o tiver feito. Você precisa ser muito delicado nesse ponto, pois nem todo mundo está disposto a fazê-lo.

Alguns casos são tão severos que existe sim a necessidade de uma ajuda medicamentosa. O paciente precisa buscar ajuda de um psiquiatra que irá prescrever medicamentos de acordo com o grau de depressão. Mas também é importante, aliar o tratamento com terapia cognitivo-comportamental (e os demais métodos), psicanálise e terapias comportamentais. Temos que estar atentos a alguns sinais importantes: Tristeza tem motivo. A pessoa sabe que está triste. A depressão é uma tristeza profunda e muitas vezes sem conteúdo, sem motivo aparente. Mesmo se algo maravilhoso acontecer ou estiver acontecendo, a pessoa continuará triste. A pessoa triste pode ter sintomas no corpo, como sentir aperto no perito, taquicardia, chorar. A pessoa deprimida tem pensamentos suicidas. Quem está triste costuma ter pensamentos repetitivos sobre a razão da tristeza e também quando deprimida, a pessoa sente, pelo menos, duas semanas de uma tristeza profunda e contínua.

Por todos estes fatores, o mais correto é acolher este paciente com ajuda profissional. Hoje existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A terapia é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente.

Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios. A psicoterapia ajuda o paciente, mas não previne novos episódios, nem cura a depressão. A técnica auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse. A depressão não tem tempo para passar. Pode durar dias, semanas, meses ou anos. A pessoa em crise, após superar o transtorno mental, também pode, a qualquer momento, experimentar novos episódios da depressão. E na maioria das vezes, o tratamento para depressão é feito combinando psiquiatra e psicoterapia, por meio de psicólogos. Existem também medicamentos antidepressivos, que ajudam a regular a química cerebral e é aplicado conforme cada caso, de acordo com cada paciente.

A depressão pode ser categorizada como leve, moderada ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Um indivíduo com um episódio depressivo leve terá alguma dificuldade em continuar um trabalho simples e atividades sociais, mas provavelmente sem grande prejuízo no funcionamento global.

Durante um episódio depressivo grave, é improvável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou domésticas. Uma distinção fundamental também é feita entre depressão em pessoas que têm ou não um histórico de episódios de mania. Ambos os tipos de depressão podem ser crônicos (isto é, acontecem durante um período prolongado de tempo), com recaídas, especialmente se não forem tratados. Pode desenvolver também o Transtorno depressivo recorrente: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral por pelo menos duas semanas. Muitas pessoas com depressão também sofrem com sintomas como ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem ter sentimento de culpa ou baixa autoestima, falta de concentração e até mesmo aqueles que são clinicamente inexplicáveis e que com suas constâncias podem sim, levar o paciente a um ou vários episódios de surto de pânico, no qual ele passará a ter muito mais dificuldade de se relacionar socialmente, pois passa a ter medo de tudo, isolar-se em casa, negar a convivência com os outros, medo de multidão, além de desenvolver estresse severo.

Sabemos através de estudos e pesquisas científicas que, alguns tipos de depressão não podem ser evitados já que algumas teorias indicam que eles podem ser causados pelo mau funcionamento do cérebro. Mas há boas evidências de que ela pode ser evitada com bons hábitos de saúde. Uma alimentação adequada, exercícios, férias, não trabalhar em excesso e guardar um tempo para fazer as coisas que curte são algumas das coisas que ajudam a deixar a tristeza de lado. A melhor forma de prevenir a depressão é cuidando da mente e do corpo, com alimentação saudável e prática de atividades físicas regulares. Saber lidar com o estresse e compartilhar os problemas com amigos ou familiares é outra alternativa, que pode ser aliada à prática de alguma atividade integrativa e complementar, como yoga, por exemplo. Também ajudará uma boa leitura, aprender coisas novas, ter hobbies, viajar e se divertir. Essas práticas mantém a cabeça ativa e a ocupam com pensamentos positivos. Cuidar do organismo reflete na saúde mental de forma positiva. Atividades físicas liberam hormônios e outras substâncias importantes para manutenção do humor. Na alimentação, receitas ou dietas recheadas de azeite de oliva, peixes, frutas, verduras e oleaginosas (nozes, castanhas etc) são o ideal para prevenir depressão. Esses produtos são ricos em nutrientes que protegem e conservam a rede de neurônios.