Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

Após passar o final de semana com um grande amigo e Professor do Curso de Engenharia da UFF, “trocadilhamos” questões várias. Uma dessas estava relacionada ao nosso passado, aos ancestrais, à árvore genealógica e, indubitavelmente, o que herdamos para o nosso DNA.

Falamos de momentos lindos. Lembro que pescava cocorocas na Ilha dos Amores em Jurujuba. Naquela época o mar era limpo, dividido em quadrantes de marés, como um bordado búlgaro e dotado de transparência, para que vislumbrássemos o movimento de nossos artelhos. Peixes ladeavam nossas pernas. Pareciam gostar da presença humana ou, no mínimo, não sentiam medo.

A pesca era farta. As próprias cocorocas pulavam em nosso barco de fibra de carbono. Vovô Mário sabia, que era totalmente contra a morte dos peixes. Chorava com a enorme quantidade que agonizava por água e como ele fazia tudo para me alegrar, retornava com os bichos, ainda com vida, para o mar. É óbvio que levávamos alguns para nos alimentarmos. Não somente o meu avô, mas a maioria da família ensinou sempre valores importantes, entre eles, que para se ter uma vida serena não cabia essa tal de ganância por status, poder e dinheiro. Aprendi isso.

Vovô Mário era contador e ganhava pouco – minha avó dona de casa. Essa chegou até a vender uns tecidos e roupas de cama para fora, mas cansou depois de um infarto. O primeiro, a grande paixão da minha vida, morreu de câncer. Meus pais trabalhavam em demasia. Bety sempre com atribuições e “freelancers” para complementar a renda da família. Meu pai, um grande jornalista esportivo, também literalmente vivia absorto nas colunas que escrevia e vigilante com as novidades oriundas do mundo futebolístico.

As palavras status, dinheiro e poder não possuíam tal conotação e força como são empregadas atualmente. É verdade que nada faltou para mim, entretanto era um menino talvez tímido, que não gostava de nada que me marcasse, ou colocasse em evidência.

Lembro da época em que o Colégio Miraflores só possuía séries até o quarto ano e fui por isso, transferido para outra escola localizada no miolo de São Francisco. Não possuíamos dinheiro para custeá-la, poreḿ o jornal em que minha mãe trabalhava possuía uma parceria – meu pai pagava o restante. Essa época fora o nadir da depressão; os piores tempos que passei como adolescente e obtive notas péssimas. Graças a Deus fiz colegas, amigos e adaptei-me àquela rotina.

Acho que se pudéssemos “passar” uma espécie de scanner na saliva de meus parentes não iríamos encontrar muitos corruptos. Lembro nas minhas aulas de ciência e posterior genética (Escola de Medicina), que parte do nosso material genético é passado de geração em geração, somente através de homens para descendentes homens, especificamente no cromossomo Y, um marcador de ancestralida… Em contrapartida, temos também um marcador materno, as sequências do nosso DNA mitocondrial, que vieram com certeza da nossa mãe, que herdou somente da mãe dela, que herdou da…por aí vai. Penso que o meu melhor vem daí.

É possível uma combinação catastrófica dos DNAs dos nossos políticos, Quem saberia?

Enfim, chega uma hora, em que essa história de explicar códigos genéticos, cromossomos, braços longos|curtos e material genético torna-se chato. Por fim, todos somos filhos da África e temos um único criador – Deus – seja lá como ele for.

Fico pensativo quando, particularmente tenho ciência, de que muita gente gostaria de algo que eu possa ter, sem que eu saiba exatamente do que se trata, ou incomoda. As pessoas de tanto quererem tudo tornam-se personagens de uma vida, que deveriam estar desfrutando com o mínimo de ego. Uns pedem a nossa cabeça, reduzem ou tentam reduzir nossa carga horária, criticam e opinam sobre situações íntimas (de nossa essência) e no final, infelizmente, não chegam à conclusão, que precisam de uma restauração do DNA.

Queria dedicar essa crônica ao meu avô Mário Orsini e ao Professor Acary Souza Bulle Oliveira – um grande professor, amigo e figura simples – sem estamparia. Sinto-me tão à vontade com Acary, que eventualmente me pego teclando para o mesmo, somente para saber se está tudo em ordem. Nada mais…

  Um único ponto para os leitores: “Não celebremos o ódio, mas sim a indignação. O Brasil realmente é um país diferenciado. Além de construir pobres que dizem de direita recriou ricos sem dinheiro e identidade. Ambos responsáveis por tornar o País desorientado. Pelo menos respiramos aliviados pela vitória do Biden. Creio que o povo americano, de alguma forma, enxergou a decadência de um estupido que inverteu valores, acirrou o ódio e abdicou de sua própria vida para assustar o mundo”.