Marco Orsini é pai de João e Bento Orsini. Médico, Professor e Coordenador do Mestrado em Neurologia da Universidade de Vassouras e Pesquisador da UNIG. Pós Doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Antes de iniciar essa crônica gostaria de deixar bem claro minha transparência como ser humano, o respeito com as diversidades várias em nosso País e, principalmente, o fato de ser apartidário. Minha proposta de vida sempre foi família e os conceitos tradicionais de certo e errado. Um fato que me causa certa estranheza não é a questão da sexualidade, mas a condução desse processo em crianças em franco amadurecimento encefálico. Crianças são seres desprovidos de escolhas complexas e delicadas, portanto não devem ser influenciadas por fatores epigenéticos na escolha de sua sexualidade. Esses pequenos devem passar pela infância e parte da adolescência como nós passamos – creio eu- pois os tempos mudaram. As escolhas virão com o tempo, com a descoberta do corpo, com alguma coisa que possuímos de carga genética e também com tendências internas que ainda desconhecemos. Particularmente, como colunista e médico, creio que essas deturpações de personagens infantis, filmes inapropriados e tudo que venha goela abaixo para o grupo infanto-juvenil não está no tempo certo de formação dessa geração.

Tudo que falamos hoje em dia soa como homofobia, xenofobia, racismo e outros “prefixos” fobia. Temos conceitos firmados que também devem ser respeitados. O fato de gostarmos que, por exemplo, nossos meninos façam esportes de artes marciais, brinquem de guerra de bonecos, joguem futebol e\ou se entretenham com propostas que estão mais voltadas com a masculinidade, jamais significa que somos homofóbicos ou ridículos. O mesmo é válido para as meninas que brincam de casinha, bonecas, batons e outros apetrechos que sinalizam para a feminilidade.

Herdei de minha mãe, Bety Orsini, uma capacidade impar de não julgar, respeitar, emocionar e ter carinho com todas as formas de amor, pois valem à pena. Tudo em que estiver atrelado o amor sempre vale à pena. O que não pode existir é essa ideologia de sexualidade “goela abaixo”: ou você aceita ou está reprovado! Não, isso não é certo dentro de conceitos individuais.

O que você pensa dos seus filhos, Marco? Quero que eles tenham a infância deles em paz e com os conceitos por mim delimitados e, posteriormente, discutidos em conjunto com os próprios; isso não é homofobia. Defino como educação especifica direcionada por um genitor para\com suas crias. Lá na frente, os mesmos farão suas escolhas, pois os conceitos estarão solidificados e a capacidade de decisão sobre o que querem fazer e como querem gerenciar suas vidas é singular. Isso não compete mais a mim… o que achava certo e\ou errado no futuro, tornou-se passado.

Parece que a ideia de sexualidade não é ensinar, mas modificar comportamentos em encéfalos imaturos. As redações de algumas escolas e\ou processos seletivos batem toda hora nessa tecla de inclusão de gêneros/sexualidade com viés ideológico. Pergunto: e o aluno que for contrário, terá uma nota exemplar? Espero que sim, pois vivemos numa democracia ora bolas; mas creio que não. As escolas devem encorpar o conceito do sexualidade de maneira tranversal, definindo para as crianças o que é masculino e feminino.

Em adição, se valer das diferenças sexuais naturais para condução da classe e das disciplinas. A questão do gênero, se discutida, de ser formatada de forma tangencial e imparcial; menos intransigente e mais equalizada entre homes e mulheres. Isso também ocorre porque a família deixa a escola educar – é mais fácil. Eu, sinceramente, gostaria de fazer um pedido: “deixem o grupo infanto-juvenil em paz; para que no futuro eles façam suas decisões com juízo próprio. Esse assunto já está chato e rabugento.

E o João e Bento? Deixem os meus moleques em paz; quando decidirem o que é melhor para eles eu apoio, mas agora não é hora. E apoio mesmo; com unhas e dentes. Quem decide na infância sou eu (não a escola), tampouco a mídia e esses programas idiotas.

Marco, você é homofóbico ou racista? Deixo para meus amigos responderem; os amigos da Bety Orsini também podem tecer comentários sobre a pergunta; acho justo. É óbvio que não sou; quero o amor de todos, que todos sejam amados; de todas as formas.

Gostaria de dedicar essa crônica para a minha avó, Maria Amélia Gomes Orsini, que felizmente está em processo de passagem para um mundo melhor e mais calmo. “Velha”, enquanto deito do seu lado sinto o calor do seu corpo e todas as lembranças maravilhosas que você me proporciona como mãe, avó e tudo. Hoje senti seu cheirinho no quarto. Te admirarei sempre, aqui ou onde esteja, terás um pedacinho do meu coração só para você – aquele mesmo ao lado da minha mãe e de meu avô. Te amo.

Em tempo: super-heróis não beijam na boca nem tem namoradas ou namorados, muito menos personagens de estória em quadrinhos. São figuras lúdicas criadas para entreter, servir como modelo na infância, admirar e salvar a humanidade contra o ódio e o desamor. Um beijo muito grande para todos que sabem o que mora dentro de minha essência como ser humano.


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