Marco Orsini é MD PhD Médico com Formação em Neurologia- UFF. Professor Titular da Universidade de Vassouras e UNIG. Professor Pesquisador da Pós-Graduação em Neurologia – UFF.

Existem indivíduos, não poucos, com com a volátil e plena habilidade em ladear e convencer através do uso da palavra. Uma espécie de persuasão “chulé”; aquele tipo que encontramos em várias universidades ou mesmo dentro de nossas redes comunicativas.

Para essas pessoas parece não existir uma forma de saber ou contra-argumento viável. Às vezes pego-me achando graça de como alguns, tão ceifados das suas falhas de redes neurais, se comportam com extremo charme de intelecto. Cá entre nós… é muito bonita aquela figura de médico com roupas italianas, sapatos de bico-fino, blazers slim e com um timbre e tonalidade da voz, que assustam a própria verdade tornando mentira, principalmente para seus súditos.

A maior eloquência não deveria ser a palavra dita em seu cerne, mas a verdade em ação e como essa é rara. Eloquência também é uma espécie de prima da suculência – qualidade daquilo que deveria ser suculento, mas é azedo muitas vezes pela bestialidade de quem acredita ser gênio. Conviver com a eloquência é difícil, mesmo que sigamos a nossa maturidade e termos em mente, que somos seres pouco evoluídos – não creio que merecemos esse rótulo de metazoários “diferenciados”. O que vejo de longe nas Escolas, nos Discursos, nas Publicações e nos contornos do ser humano é uma capacidade invejável e muitas vezes, inconsequente de se minimizar a ignorância. Pergunto se todos aqui não se acham um pouco ignorantes e incapazes diante da solução de problemas? Essa semana tentei sugerir uma proposta para um aluno e fui vorazmente atacado. O sujeito falou tanta coisa, que ao final nem eu sabia mais, o que ali representava ou estava fazendo.

Decidi pesquisar um pouco sobre Machado de Assis e descobri que o mesmo, ainda era enxadrista mesmo após décadas de “aposentado” em tal habilidade. Na verdade Machado era árbitro de torneios de xadrez; uma opção bem viável quando comparada a tentar entender o posicionamento das pessoas e seus narcísicos modelos dentro de uma casca de noz. Porquanto, tornar-se árbitro de xadrez deveria ser para o escritor, uma espécie de zelo com sua própria vida, ao preocupar-se com as articulações de pessoas em prol de títulos, metas, dinheiro, status e qualquer coisa, que não mais cabe no mundo atual.

Dedico essa Crônica para todos os pesquisadores com DNA investigatório, capacidade de reconhecer erros, maturá-los e acreditar que fazer ciência é algo muito maior. Estamos precisando de pesquisadores de problemas, não de sujeitos que “montam” na ciência e criam verdadeiros castelos de areia, em perguntas ou temas irrelevantes para o Brasil.

Dedico essa crônica para meu amigo Marco Antônio Araújo Leite, ele como o Carlos Henrique Melo Reis pensam fora da caixa. E, para isso não é preciso lattes, mas córtex cinzento dotado de substância branca, por que não… dedico também ao meu estimado Nefrologista Dr. José Hermógenes Suassuna, que me cuida com carinho.